Hoje tu saíste. O telemóvel estava em silêncio. Nem um único sinal teu. As ruas perderam
as cores. As árvores choravam. O rouxinol ficou mudo. As palavras arderam no
silêncio da minha alma.
Depois daquela grande discussão, saíste
de casa e eu não consegui agarrar-te, sentei-me no sofá sem forças, a ouvir os
ponteiros do relógio.
O meu coração revive aqueles momentos de
paixão ardente, os beijos profundos, o encontro dos dois corpos nus. Aquele
amor fogoso que nutrimos. A troca de olhares. Ficou um filme interminável a
passar à frente dos meus olhos.
Ainda sentado comecei a sentir as
lágrimas a preencher o meu rosto, senti um enorme aperto no peito, todas
aquelas palavras ditas, num tom frio e duro. Dissemos palavras que cortam mais
que facas, sinto o meu corpo a queimar a lembrar aquelas palavras ditas, o teu
olhar a dar-me murros. Será que depois da discussão tu irias voltar?
Ganhei forças e levantei-me, procurei o
meu telemóvel mas nada, estava mais mudo que a parede. Bebi um copo com água,
limpei a minha cara. Pus a nossa música a tocar, aquela música que estava a dar
quando o teu olhar doce e meigo me tocou. Eu no meu canto muito tímido e tu
vieste ter comigo. Paraste e sorriste para mim. Disseste o teu nome e eu fiquei
logo encantado por ti. Falámos durante horas. Trocámos os números de telefone.
Foi apenas o início da nossa história.

Eu entrei e tu ficaste à porta a
observar-me com esses lindos olhos e o teu sorriso magnífico. Disse-te para
entrares. Fui preparar dois cafés para nós e de repente senti os teus braços a
abraçar-me, arrepiei-me todo, tu tinhas posto a tocar aquela música, a música
perseguia-te. Virei-me para ti e tu beijaste-me, tiraste-me o fôlego todo,
senti-me a voar.
No dia a seguir tu ligaste-me para
marcar um café e eu fui. Novamente pediste desculpa e eu respondi-te que não
fazia mal, que eu gostei do beijo. As nossas mãos tocaram-se, os dedos
entrelaçaram-se e os nossos corações beijaram-se.

“Sabes que amar é difícil mas eu vou
amar-te todos os dias, não quero amar-te só nos tempos bons, quero amar-te
ainda mais nos tempos difíceis.” Segredei-te ao ouvido e beijei-te… As ruas
ganharam novamente cor, as árvores sorriram e o rouxinol cantou.
Não existem palavras para descrever o
quanto eu te amo e o quanto eu quero lutar por nós.
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