quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

As mensagens que a chuva traz



Era de noite quando cheguei a casa, entrei no meu quarto e cansado sentei-me na cama à espera de ouvir o som harmonioso da chuva. Chuva essa que teimava em não aparecer.
Fechei os meus olhos, pedi ao meu pensamento para se calar por uns minutos e tomei consciência da minha respiração. Inspirava suavemente pelas narinas e pelas mesmas expirava calmamente, fazia ciclos de respiração regulares. Senti o meu corpo a relaxar.
Naquele momento mais nada existia, era apenas eu e o ar que que curava o meu corpo físico, emocional, psicológico e espiritual. Comecei a fazer uma viagem pelo meu corpo para ver se existia algum bloqueio mas não havia nenhum. Voltei ao “mundo real”, abri os meus olhos e senti que estava leve como uma pena.
De repente comecei a ouvir o barulho da chuva, aquele som harmonioso e criativo, que para mim era uma melodia que me inspirava. O meu telemóvel em sintonia com a chuva começou a tocar. Visualizei o nome no ecrã do telemóvel e quando li o teu nome, esbocei um sorriso enorme e atendi logo a chamada.
Ligaste-me para saber como é que tinha corrido o meu dia e para marcar uma saída para o fim-de-semana porque tinhas saudades minhas. Eu automaticamente respondi que sim, pois tal como tu, eu também sentia a tua falta. Falta daquele beijo que cortava a minha respiração. De calma passava a acelerada e o bater do meu coração também era alterado. Era um autêntico frenesim em mim.
O meu desejo por ti a cada dia que passava era maior e em ti, eu sentia o mesmo. Cada vez mais sentia-me desejado por ti. Depois de toda a emoção, deitei-me na cama, completamente congelado mas por fora, pois por dentro ardia de paixão.
A chuva tornava-se mais intensa, estava a dar a sua bênção. Sem despir-me nem tapar-me, fechei os olhos novamente. Um anjo, eu observei, era um brilho azul enorme e uma luz quente e pacífica. E com uma voz calma disse-me.
- Não tenhas medo e nem te assustes. Sou o Arcanjo Miguel e estou aqui para te proteger sempre. A minha espada azul estará sempre contigo.
Ouvi as palavras do Arcanjo, não sabia o que responder, apenas agradeci. Não estava à espera daquela visita, pela qual me deixou sem reacção. Abri os olhos e virei a cara para o lado esquerdo. Vi a estátua do Arcanjo São Miguel.
Levantei-me e fui buscar duas velas. Acendi-as perto dele. Sentia-me protegido, amparado. Cumprimentei-o e agradeci-lhe novamente. Pedi-lhe protecção e fui dormir.
Foi um dia comprido e com muita coisa boa, a chuva continuava. Pensei que além de inspiradora, era mensageira.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Carta a quem se esqueceu de mim



Hoje decidi escrever esta carta para todos que se esqueceram de mim, até a mim inclusive, pois eu também esqueci-me de mim, é triste mas é verdade.
Ao longo destes 29 anos muitas vezes sentia que as pessoas esqueciam-se de mim, não era a primeira escolha delas, muitas vezes só era escolhido porque já não tinham mais opções. Muito raramente dava o primeiro passo de ser eu a escolher.
Tentava fugir de todos para não sentir aquela rejeição e acabava por fugir de mim também. Em casa fechava-me no meu quarto, deitava-me na cama às escuras a chorar, nem eu próprio conseguia amparar-me.
Fui crescendo, saí da escola e comecei a trabalhar à espera de mudanças mas a verdade é que não chegaram, continuei a ser posto de parte, a ficar num canto sozinho e novamente não era a primeira escolha.
Já tive vários empregos e sempre foi tudo igual, eu esqueci-me de mim, daquilo que eu gostava, daquilo que eu queria fazer e os outros apenas mostravam-me isso, esqueciam-se de mim, não me davam valor, basicamente passei a ser um saco de boxe para eles, na escola em forma de agressão física, em adulto da forma verbal. Era um entretimento para os outros, uma forma de descarregarem a raiva e as frustrações deles.
Sentia-me um fraco, um frágil, uma alma solitária… Uma tristeza profunda foi crescendo dentro de mim, uma vontade enorme de desaparecer… Sentia-me a perder tanta coisa, até a minha fé e a cada dia que passava mais perdia-me, mais esquecia-me de mim, mais os outros se esqueciam de mim.
Até que quando fiz os 29 anos em Setembro de 2016 as coisas começaram a mudar, pois ao começar a praticar yoga, comecei a ver-me, a descobrir-me e as feridas que eu tinha eram enormes. Doíam bastante, então propôs-me à auto cura e ao longo desses 28 anos cresceu uma raiva enorme dentro de mim e que só agora começou a sair para fora, uma grande fúria incontrolável, passei de 8 a 80.
Hoje tenho uma mensagem para todos que se esqueceram de mim (inclusive para mim, que não sou exclusão), aquela criança frágil e fraca que se esqueceram dela, cresceu e tornou-se forte. Hoje valoriza-se e já não se esquece tanto dela e hoje defende-se das agressões.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

(In)visível



Já se passaram tantas horas, dias e meses que não nos vimos, que não falamos como fazíamos mas a ligação, a preocupação, o meu sentimento por ti não desapareceu, nem enfraqueceu. Continuas tão presente ainda, porquê? O que é que tens mais para me oferecer? O que é que ainda tens mais para me ensinar? Disse ensinar porque tu foste um professor para mim, não imaginas o quanto eu cresci depois de te conhecer, o caminho que tive que fazer, as barreiras que tive de quebrar… No meio de tanto sofrimento que me causaste, fizeste-me bem, obrigado.
Mas visto que estou a escrever para ti, tenho que ser muito sincero contigo. Eu tentei esquecer-te, desapegar-me. Talvez reparaste ou não porque não sei qual é o meu grau de importância na tua vida, tu na minha és importante e talvez seja por isso que eu não consiga desligar-me de ti.
Tenho os meus dias praticamente todos ocupados, para não pensar em certas coisas mas ao falar contigo no outro dia, voltei a pensar em tudo, a lembrar-me das coisas, querer voltar a ver-te, estar contigo. Isto por um lado faz doer porque não sei se vou conseguir voltar a fazê-lo mas por outro lado faz-me sonhar.
Como é que vai ser o nosso dia de amanhã? O nosso futuro? Vamos continuar com este muro entre nós, com esta distância? Será que o vamos contornar? Ou tudo simplesmente termina sem uma segunda oportunidade…
Não sei qual é a tua resposta, não sei qual é a minha, apenas observo o tempo a passar, relembro-me do teu abraço, da tua voz, do teu corpo, do teu toque suave…
Porque é que isto tem que ser tão difícil? Tenho a perfeita noção que eu não sou a pessoa que tu desejas… Pois se fosse tu procuravas-me mas pensando bem, eu talvez inconscientemente cortei esse caminho. O medo que eu sentia era tão grande que acabava com tudo à minha volta, até mesmo comigo. Mais um dos teus ensinamentos, quebrar o receio que sinto.
E agora depois de todo o trabalho de crescimento que eu tenho feito, talvez já seja tarde para tu me veres…
Peço-te desculpa pelos meus “erros”.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Sou um aprendiz do passado e um sábio no futuro.



Estava a caminhar sozinho na rua, ia sem destino, apenas contava os passos que dava e na minha mente comecei a viajar. Sonhava com algo diferente para mim, viver a vida que eu sempre quis mas não sabia bem como recomeçar.
“Se o tempo não volta para trás, como é que eu posso voltar para trás?” Pensei interrompendo o meu pensamento. Olhei para os lados e tentei perceber onde é que eu estava, parece que tinha andado muito quando ia sonâmbulo. Lá consegui identificar o local. “Chega de andar às voltas sem rumo e com os pensamentos a comandar a minha direcção. Vou para casa.” Disse para mim mesmo. E assim segui para casa. Ia mais consciente do caminho, não queria perder-me novamente nos meus sonhos e na fantasia de ter um futuro como sempre sonhei, pois isso era impossível porque perdi as bases todas para o conseguir construir.
Finalmente cheguei a casa, estava completamente vazia. Vazia de esperança. Era apenas o meu reflexo ao espelho, tal como a casa eu também estava vazio de esperança, preso a uma rotina que não conseguia quebrar e logo eu que detestava rotinas mas o medo de falhar e de perder era maior que a tentativa de arriscar, de quebrar aquele ciclo que me tornava infeliz, imóvel… Basicamente, eu era um corpo sem alma, caminhando num mundo negativo.
Até que um dia tudo mudou, eu procurei-me, disse que aquilo não era vida para mim, que ambicionava mais do que estar preso a uma rotina que fazia de mim infeliz, isso não estava certo.
“Ontem não construi as bases mas hoje posso o fazer, não posso pensar mais no passado como um acto derrotista mas sim como um acto de aprendizagem. Ainda tenho muito para viver e eu desejo ser feliz e só perco a vida que eu quero se eu desistir e aí sim continuo naquele ciclo vicioso onde entrei.”
Primeiro comecei a quebrar a rotina, procurar-me mais vezes, respeitar-me, fazer aquilo que eu queria e aos poucos fui mudando, comecei a crias bases, objectivos, a ir atrás daquilo que eu sonhava, pois a força toda estava dentro de mim, apenas tinha que saber onde a procurar.
“Talvez uma estrela me guiou à minha força interior e fez-me mudar. E hoje digo. «Sou um aprendiz do passado e um sábio no futuro.»
Hoje sinto que estou a ir no caminho certo, já não me sinto infeliz, nem me sinto preso àquele ciclo vicioso. Apenas sinto-me como um ser livre a conquistar a sua felicidade e sonhos.”

domingo, 15 de janeiro de 2017

Fechar portas



Hoje, ao fim de alguns meses voltei a chorar, pois de uma vez só recebi as respostas todas ou quase todas que eu queria receber/ter. Aquelas palavras todas, foi como se tivesse a levar chapadas para acordar, não doeram mas mexeram comigo.
Fizeram-me ver que ainda não estou como eu pensava que estava, que ainda estou longe daquilo que eu quero. Enfim… Parece que ainda tenho muito trabalho pela frente e cada vez mais, só que estou sempre a fazê-lo de forma errada. Pois hoje faço um progresso e penso que estou bem e acabo por não me regar e assim entro em desidratação e pois claro lá volto a fazer tudo novamente “errado”.
Sinto que desta vez vou ter que fechar as portas todas, chorar tudo o que tiver para chorar, limpar tudo, não sei quanto tempo vou demorar, não sei quando é que volto a abrir as portas mas quando as abrir, quero estar completamente bem, sem mais “erros”, pelo menos dos mesmos.
Vou-me “isolar” dentro de mim, procurar-me, pois novamente deixei de me ver e tem vindo a acontecer sucessivamente. Tenho que dizer basta, que chega.
E a partir de agora vou fechar este canal, até encontrar a ligação comigo mesmo e eu sei que a vou encontrar.
Vou quebrar as algemas que me prendem ao medo de falhar, de perder, de não conseguir… E vou atar os nós comigo, os nós de conseguir, ganhar, conquistar, de amar-me, aceitar-me. Vou ser eu mesmo para mim, preencher-me de mim e ver-me.
Tornar-me visível e completo de mim.

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