Um blogue que ao longo do tempo foi-se transformando. Tornando-se num diário...
Um diário de sentimentos verdadeiros, um grande misto de sensações, vontade de vencer, de lutar.
Já ouvi muitas frases do tipo “estás
diferente”, “mudaste tanto”, “tu não eras assim”, entre outras. Sim, é verdade,
estou diferente e mudei mas penso que a frase ou o estado correcto é: Eu
transformei-me.
Sinto que a cada novo dia que eu estou
mais livre, sim há dias que tenho recaídas, parece que tudo desaba à minha
volta e eu não tenho forças para aguentar os pilares e deixo tudo desmoronar,
choro desalmadamente. Depois recupero o fôlego e volto a erguer-me com mais
força. E assim continuo a minha transformação.
Não está mesmo nada a ser fácil, tantos
altos e baixos ao mesmo tempo, bastante autocontrolo para não explodir (parece
que sou um vulcão prestes a entrar em erupção), pouco a pouco tento ganhar
posse de mim e descartar toda a necessidade de anuência que eu tenho das outras
pessoas.
Porque eu sou um ser livre e dependente
de mim próprio. Vou continuar a minha transformação, por mais altos e baixos
que tenha, por mais espinhos que eu encontre, pois também encontro rosas,
encontro cumplicidade, encontro sábios/mestres e o mais importante encontro-me
a mim mesmo.
Hoje escrevo para nós, talvez seja a
última vez que escrevo para nós. O tempo irá responder… É deixar fluir…
Sabes? A tua ausência dói-me tanto e
saber que eu fui o responsável dela, ainda me dói mais. Mas já me parei de
culpar disso, pois não posso perder o meu equilíbrio nem a minha voz novamente.
Perdi o controlo do meu corpo por ter falhado, por ter errado contigo e não
quero mais isso.
Ao dizer isto não quero que te sintas
culpado, pois tu és a pessoa que menos culpa tem. Eu sou o único responsável,
pois afastei-me da minha essência, de quem eu sou, dos meus objectivos e
perdi-me pelo caminho, sem conseguir reencontrar-me. E então o meu corpo chegou
ao limite e mostrou-me isso de uma forma péssima e que não desejo mais voltar a
sentir.
Hoje reencontro-me com a minha essência,
com a minha luz, com o meu brilho mas estou triste por não estares aqui ao meu
lado, espero que um dia possas dar-me uma nova oportunidade e que voltes a
confiar em mim.
Até lá eu vou sarar todas as minhas
feridas e ficar completo comigo próprio, libertar o meu melhor, a minha luz
verdadeira. Peço-te perdão por ter errado e magoar-te.
Gritos mudos é o que eu sinto em mim,
tenho uma enorme vontade de gritar mas a minha garganta não corresponde, apenas
saem gritos mudos. Perdi a voz, a vontade de falar, sinto-me sem forças, quero
desistir tudo…
E novamente mais uma vontade de gritar,
abro a boca com muito esforço e nenhum som sai. Esforço a garganta e sinto ela
rouca e arranhada, arranhada pelos gritos mudos que não saem e pelas palavras
que não posso e nem devo dizer…Palavras que disse de forma inconsciente e que
te afastaram e assim proibi-me de falar, de ter voz… Porque não te quero magoar
novamente.
Hoje acordei com dor de garganta porque
ela está fechada, entupida por todos os gritos que não posso dar, as cordas
vocais deram o nó e assim já não falo, o meu cérebro não pára e não me deixa
descansar, acuso-me por ter falhado, culpo-me por não ser bom o suficiente,
critico-me por estar constantemente a errar… Não sei é como o meu coração está
a aguentar toda esta pressão, toda esta falta de descanso…
Ontem foi um dia em que perdi todo o meu
equilíbrio, tudo o que eu queria desapareceu, o meu corpo não me respondia, a
minha voz completamente presa, a custo consegui pedir ajuda, as lágrimas
saltavam-me pelo rosto, estava mesmo muito triste e desiludido comigo próprio…
Perdi o pouco brilho que via em mim,
calei a minha voz (que há pouco tempo é que se começou a soltar), não consegui
controlar as minhas emoções e desfaleci naquele momento. Um corpo enorme sem
controlo guiado pelos tremores, como se de um sismo tratasse e eu sem o
conseguir controlar.
Que enorme descontrolo, tantos gritos
mudos que eu dei e uma vontade de desaparecer que ficou… Apenas queria ser
melhor… Bom o suficiente mas não sou e porquê?
Talvez por exigir muito de mim, querer
que vejam o quanto sou bom (sim, eu sei que sou bom, grande antítese), que me
dêem atenção, que me aprovem… E como muitas vezes isso não acontece, eu sinto
tudo a desabar porque não sou capaz de me abraçar, de dar a mão a mim mesmo e
dizer o quanto sou bom. Observo-me e só vejo escuridão, alguém que não é capaz
(mas no fundo sabe que é capaz), alguém que não é bom o suficiente (mas sabe
que é bastante bom) e por isso “dá-se” para que o possam ver e termina por
perder porque se perdeu a si próprio.
Ahhh!!! Tanta vontade de gritar mas tudo
mudo, uma dor de cabeça enorme, uma garganta cada vez mais arranhada e
entupida, uma mente invadida por pensamentos negativos, que não estou a conseguir
inverter.
E eis que no meio de tanta escuridão
encontrei uma luz pequena e muito brilhante, algo que sinto que tenho que fazer
e vou fazer. Mas primeiro de tudo tenho que desatar o nó que tenho nas minhas
cordas vocais e soltar o grito ou os gritos mudos que estão presos. E vou
gritar que sou bom, que sou capaz e que consigo ver-me e aprovar-me.
Tentei procurar em mim as respostas para
a minha vida mas não fui capaz. Não me via e como não me via fugia de mim, fugi
tantas vezes que agora não me consigo encontrar, procuro as outras pessoas na
esperança de me ajudarem a encontrar-me porque nelas vejo quem eu gostava de
ser mas acabo sempre por falhar.
Falho com as pessoas à minha volta e de
quem eu gosto muito. E o pior de tudo falho comigo próprio e só por causa disso
é que falho com os outros. Estou bastante triste e desiludido comigo próprio.
Já mudei tanto mas volto sempre ao meu “eu” antigo, o que magoa todos à sua
volta, aquele que não se encontra, aquele que está sempre a errar, aquele que é
fraco, que não é bom o suficiente… Eu não quero mais ser essa pessoa, é uma dor
enorme dentro de mim por voltar sempre a ser essa pessoa que eu não quero…
Não quero afastar mais ninguém da minha
vida, não me quero afastar mais de mim. A todos os que eu magoei peço perdão e
peço uma nova oportunidade. Eu vou ser o “eu” que sou, o meu verdadeiro eu,
vou-me encontrar dentro de mim e sair cá para fora.
Eu vou dar esta oportunidade a mim, a
oportunidade de fazer diferente, a oportunidade de vencer, de ser quem eu quero
ser. Mais uma vez peço perdão…
Neste momento, apenas tenho vontade de
me fechar e ficar a sós comigo para sempre. Senti a minha esperança a
desaparecer, sem saber o porquê. Nada mais faz sentido, talvez nem as palavras
que estou a escrever.
Tudo está confuso e escuro e não sei
como chegar à luz, aquela luz que eu tanto quero encontrar, a luz ao fundo do
túnel…
Sinto que está tudo perdido, sonhos
apagados, animação que acabou, tudo destruído… Novamente fiquei sozinho,
recomeçar tudo de novo, outra vez? Sentir novamente as mesmas dores? Ou será
que algo mudará? Não sei, apenas quero ficar fechado.
Sinto que estou no lado errado da
estrada, do lado dos “derrotados” e sei que não quero estar deste lado mas não
estou a conseguir chegar ao outro lado da estrada. Tenho correntes que me
prendem a este lado e não tenho força para as quebrar, estou algemado àquela
estrada que eu não quero para mim. Sinto-me fechado na escuridão.
Sei que preciso de me encontrar,
encontrar a fénix que habita em mim e talvez para isso preciso de me desligar,
parar, fechar as portas… Não sei… Mas sei que preciso de mim e que estou a
falhar comigo próprio. Peço perdão a mim próprio por estar a falhar tanto…