sábado, 17 de junho de 2017

Gritos mudos!



Gritos mudos é o que eu sinto em mim, tenho uma enorme vontade de gritar mas a minha garganta não corresponde, apenas saem gritos mudos. Perdi a voz, a vontade de falar, sinto-me sem forças, quero desistir tudo…
E novamente mais uma vontade de gritar, abro a boca com muito esforço e nenhum som sai. Esforço a garganta e sinto ela rouca e arranhada, arranhada pelos gritos mudos que não saem e pelas palavras que não posso e nem devo dizer…Palavras que disse de forma inconsciente e que te afastaram e assim proibi-me de falar, de ter voz… Porque não te quero magoar novamente.
Hoje acordei com dor de garganta porque ela está fechada, entupida por todos os gritos que não posso dar, as cordas vocais deram o nó e assim já não falo, o meu cérebro não pára e não me deixa descansar, acuso-me por ter falhado, culpo-me por não ser bom o suficiente, critico-me por estar constantemente a errar… Não sei é como o meu coração está a aguentar toda esta pressão, toda esta falta de descanso…
Ontem foi um dia em que perdi todo o meu equilíbrio, tudo o que eu queria desapareceu, o meu corpo não me respondia, a minha voz completamente presa, a custo consegui pedir ajuda, as lágrimas saltavam-me pelo rosto, estava mesmo muito triste e desiludido comigo próprio…
Perdi o pouco brilho que via em mim, calei a minha voz (que há pouco tempo é que se começou a soltar), não consegui controlar as minhas emoções e desfaleci naquele momento. Um corpo enorme sem controlo guiado pelos tremores, como se de um sismo tratasse e eu sem o conseguir controlar.
Que enorme descontrolo, tantos gritos mudos que eu dei e uma vontade de desaparecer que ficou… Apenas queria ser melhor… Bom o suficiente mas não sou e porquê?
Talvez por exigir muito de mim, querer que vejam o quanto sou bom (sim, eu sei que sou bom, grande antítese), que me dêem atenção, que me aprovem… E como muitas vezes isso não acontece, eu sinto tudo a desabar porque não sou capaz de me abraçar, de dar a mão a mim mesmo e dizer o quanto sou bom. Observo-me e só vejo escuridão, alguém que não é capaz (mas no fundo sabe que é capaz), alguém que não é bom o suficiente (mas sabe que é bastante bom) e por isso “dá-se” para que o possam ver e termina por perder porque se perdeu a si próprio.
Ahhh!!! Tanta vontade de gritar mas tudo mudo, uma dor de cabeça enorme, uma garganta cada vez mais arranhada e entupida, uma mente invadida por pensamentos negativos, que não estou a conseguir inverter.
E eis que no meio de tanta escuridão encontrei uma luz pequena e muito brilhante, algo que sinto que tenho que fazer e vou fazer. Mas primeiro de tudo tenho que desatar o nó que tenho nas minhas cordas vocais e soltar o grito ou os gritos mudos que estão presos. E vou gritar que sou bom, que sou capaz e que consigo ver-me e aprovar-me.


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